Suspeito de estar planejando e orientando ataques a escolas, um adolescente foi apreendido pela Polícia Civil do Paraná (PCPR) na cidade de Palmas, na quarta-feira, 2. O caso ganhou repercussão nacional e envolveu os trabalhos da embaixada americana no Brasil. O repórter Elvin Santos, da Rádio Clube de Palmas, em uma parceria com a Rádio Colmeia, entrevistou o Delegado Felipe Silva de Souza, que elucidou as informações do caso.
A Polícia Civil chegou até o jovem após receber um relatório da Homeland Security Investigations, informando ao Ministério da Justiça que repassou então a PCPR através do Núcleo de Combate a Crimes Cibernéticos. Foi constatado que um dos investigados era um adolescente que residia em Palmas.
Foi então solicitado um mandado de busca e apreensão na residência do suspeito, sendo repassado a Polícia três possíveis endereços. As equipes lograram êxito na apreensão do adolescente e de equipamentos eletrônicos como notebooks, um celular e pendrives. Além dos equipamentos, um caderno com espécie de códigos e uma folha com o alfabeto russo foram encontrados, sendo constatado posteriormente que o menor se comunicava através disso para não ser descoberto.
Também foi localizada nos pertences do jovem uma fotografia de Guilherme Taucci Monteiro. Guilherme, de 17 anos, junto de Luiz Henrique de Castro, de 25, foram os autores do massacre a Escola Estadual Professor Raul Brasil no município de Suzano, estado de São Paulo, em 2019. A dupla matou oito pessoas e depois cometeu suicídio.
Em seu depoimento ele confirmou muitas das conversas que o Governo Americano havia repassado ao Ministério da Justiça, conversas essas realizadas por meio de redes sociais. Em uma das conversas o adolescente orienta um terceiro a como matar a mãe utilizando veneno. De acordo com o delegado, o jovem se mostrou muito frio.
O adolescente contou ao delegado do porque fazia esse tipo de orientação, suas ideologias, e como começou a se envolver com esse tipo de ideia que vem se alastrando cada vez mais por meio de fóruns da deep web, como o Dogolochan, que os responsáveis pelo ataque em Suzano frequentavam.
Virtualmente impossível de ser rastreado, são em fóruns como o Dogolachan que os autoproclamados incels fermentam seu ódio contra mulheres e figuras de autoridade, como professores e parentes. Incel é a contração em inglês para “celibatários involuntários”, termo com o qual homens jovens, solitários, misóginos e rancorosos costumam se apresentar.
O jovem se considera uma liderança de uma organização que premedita ataques em escolas. Em seu depoimento o mesmo alegou que não pretendia realizar nenhum ataque em escolas de Palmas, porém o delegado afirmou que no momento da apreensão em sua residência, o jovem indicou outro caminho. “Mas quando estávamos conversando informalmente com ele enquanto cumpríamos a diligência lá, o mandado de busca, ele falou, relatou que pretendia fazer algo sim em uma escola próximo onde ele reside, isso nos deixou bastante preocupado”, disse Souza.
Nas conversas do relatório não há indícios de nenhum ataque específico em Palmas, apenas orientações a pessoas de outros estados, principalmente em São Paulo, planejando ataques em escolas de lá. Souza acredita que o menor se sentiu acuado após a ação, pois achou que não seria descoberto, até porque se utilizava de códigos e do alfabeto russo para se comunicar.
O caso agora foi repassado ao Ministério Público que irá analisar e decidir o futuro deste menor. “As ações dele não vão ficar sem serem vistas”, colocou. O resto do material será encaminhado à criminalística para perícia dos equipamentos eletrônicos.
Em Palmas apenas ele foi identificado até o momento. No mesmo relatório foram apontados suspeitos nos estados de São Paulo e Pará, que também foram apreendidos em ações da Polícia Civil. Por conta da apreensão não ter sido em flagrante o jovem foi liberado após prestar depoimento.
De acordo com o delegado o menor infringe a Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, de incitação ao crime, especificamente o Art. 286 que tem como pena a detenção de três a seis meses ou multa.
Acompanhe a entrevista realizada pelo repórter Elvin Santos na íntegra: