Por Léia Alberti
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Hoje é pra dar risada mesmo… Quem tem mais de um filho sabe o dilema eterno de descobrir quem começou a briga. É sempre aquele jogo de empurra. Aqui em casa não é diferente. Resolvi, então, montar uma tocaia na escada, escondida, só pra flagrar o verdadeiro “culpado”.
No início da discussão, achei que precisava me aproximar sorrateiramente. Na minha cabeça, eu deslizaria pela escada como uma agente secreta, silenciosa e invisível. Ledo engano. A cada passo, por mais leve que eu fosse, meu joelho rangia mais alto do que porta velha em dia de vento. Talvez culpa dos anos de basquete forçado, talvez do sobrepeso que insiste em me acompanhar… mas a verdade é que meu joelho hoje faz mais barulho do que a briga das crianças.
A tentativa de espionagem, claro, foi por água abaixo. E no meio do caminho, comecei a gargalhar de mim mesma — porque rir, nessas horas, é o que nos resta. O tempo passa e deixa marcas que, se não forem encaradas com humor, acabam pesando como preocupação. E eu constatei: não sou mais uma pessoa silenciosa, por mais que tente.
As crianças, sem entender nada, largaram a confusão e vieram sentar comigo na escada. Rimos juntos, e pronto: a briga terminou sem gritos, sem sermão, só com gargalhadas compartilhadas. Pelo bem ou pelo mal, essa foi a forma mais inusitada de restaurar a paz. No fim, meu joelho crocante serviu como mediador oficial da casa.
