Após seis dias de muito trabalho e de discussão, o Senado Federal disse sim ao Impeachment da senhora Presidente Dilma Vana Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT). Na manhã desta quarta-feira, 31 de agosto, o Brasil parou para acompanhar a decisão dos senadores. A Presidente Dilma Rousseff foi tirada do cargo com 61 votos a favor e 20 contra.
Ás 11h20, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, deu inicio aos trabalhos do último passo para a votação do Impeachment da senhora Presidente afastada, Dilma Vana Rousseff. Os debates no Senado Federal tiveram inicio no dia 25 de agosto (quinta-feira), sendo ouvidas testemunhas e ouvintes.
Já a sexta-feira e o sábado, foram marcados por várias discussões de senador a favor e contra o Impeachment. Os ânimos ficaram exaltados ao ponto que o presidente do Supremo Tribunal Federal, teve que paralisar a sessão por alguns minutos, se estendendo até por uma hora. O momento auge das discussões foi quando o presidente do Senado, Renan Calheiros, foi até aos colegas senadores e bateu boca com os apoiadores da Presidente afastada Dilma Rousseff, e afirmou que tem ajuda da senadora do Paraná, Gleise Hoffmann, no STF. Após isso, Calheiro divulgou nota para a imprensa dando explicações sobre a sua fala.
Na segunda-feira, 29 de agosto, a Presidente afastada foi até o Senado Federal. Dilma saiu da residência oficial às 9h05 e ao chegar ao Senado, foi para a sala da presidência, onde foi recebida por Calheiro e Lewandowski, e em seguida foi iniciado os trabalhos. Dilma fez o uso da palavra por 45 minutos, podendo se defender das acusações, e afirmou por nove vezes que o Impeachment é um “Golpe”. Depois do discurso da Presidente teve inicio as perguntas e questionamento dos senadores. A oposição criticou Dilma e ao fim, fizeram as suas perguntas. Já os aliados usaram a tribuna para elogiar Dilma e o PT.
Durante todo o percurso de responder, Dilma Vana Rousseff disse que o PSDB não aceitava a perda nas eleições e que foi só neste modo que conseguiriam tirar algum do poder, fazendo o “Golpe”.
Na terça-feira, senadores puderam usar a tribuna por 10 minutos e na parte da manhã e tarde, os advogados e juristas deram o seu último relato para acusar e defender Dilma. A Jurista Janaína Paschoal, ao fim do seu relato, pediu desculpas para a Presidente Dilma Rousseff, por fazê-la sofrer, mas que ela aceitasse o Impeachment pelos seus netos.
Nesta manhã de quarta-feira, os trabalhos tiveram inicio às 11h20, com a presença de todos os senadores que puderam fazer o uso da palavra antes de passar para os votos. O senador que chamou a atenção foi o ex-Presidente do Brasil, Fernando Collor de Melo, que lembrou do momento que ele sofreu com o mesmo problema do Impeachment, e chamou a atenção dos senadores pelo que o Brasil passou momentos depois desse fato.
Dilma e a Ditadura Militar:
Durante o discurso de Dilma Vana Rousseff, e também nas falas dos senadores, o assunto destaque foi o período da Ditadura Militar. Foi mostrada uma foto em que Dilma Vana Rousseff tinha 19 anos, e estava na frente de seus acusadores de joelho. Na foto também aparecia os militares com a mão no rosto. Veja a imagem que foi enfatizada na fala de Dilma Rousseff e dos senadores.
Perfil de Dilma Vana Rousseff
Filha do engenheiro e poeta búlgaro Pétar Russév (naturalizado brasileiro como Pedro Rousseff) e da professora brasileira Dilma Jane Silva, Dilma Vana Rousseff faz a pré-escola no Colégio Isabela Hendrix e, a seguir, ingressa em um dos colégios mais tradicionais do Brasil, o Sion, de influência católica, ambos em Belo Horizonte.
Aos 16 anos, transfere-se para uma escola pública, o Colégio Estadual Central (hoje Escola Estadual Governador Milton Campos). Começa, então, a militar como simpatizante na Organização Revolucionária Marxista – Política Operária, conhecida como Polop, organização de esquerda contrária à linha do PCB (Partido Comunista Brasileiro), formada por estudantes simpáticos ao pensamento de Rosa Luxemburgo e Leon Trotski.
Mais tarde, em 1967, já cursando a Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Dilma passou a militar no Colina (Comando de Libertação Nacional), organização que defendia a luta armada. Esse comportamento, de passar de um grupo político a outro, era comum nos movimentos de esquerda que atuavam durante o período da ditadura iniciada com o Golpe de 1964.
Em 1969, já vivendo na clandestinidade, Dilma usa vários codinomes para não ser encontrada pelas forças de repressão aos opositores do regime. No mesmo ano, o Colina e a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) se unem, formando a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Em julho, a VAR-Palmares rouba o “cofre do Adhemar”, que teria pertencido ao ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros. A ação ocorreu no Rio de Janeiro e teria rendido à guerrilha US$ 2,4 milhões. Dilma nega ter participado dessa operação, mas há quem afirme que ela teria, pelo menos, ajudado a planejar o assalto.
Presa em 16 de janeiro de 1970, em São Paulo, o promotor militar responsável pela acusação a qualificou de “papisa da subversão”. Fica detida na Oban (Operação Bandeirantes), onde é torturada. Depois, é enviada ao Dops. Condenada em 3 Estados, em 1973 já está livre, depois de ter conseguido redução de pena no STM (Superior Tribunal Militar). Muda-se, então, para Porto Alegre, onde cursa a Faculdade de Ciências Econômicas, na Universidade Federal do RS.
Do PDT ao PT
Filia-se, então, ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), fundado por Leonel Brizola em 1979, depois que o governo militar concedeu anistia política a todos os envolvidos nos anos duros da ditadura.
Dilma Rousseff ocupou os cargos de secretária da Fazenda da Prefeitura de Porto Alegre (1986-89), presidente da Fundação de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul (1991-93) e secretária de estado de Energia, Minas e Comunicações em dois governos: Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT).
Filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde 2001, coordenou a equipe de Infra-Estrutura do Governo de Transição entre o último mandato de Fernando Henrique Cardoso e o primeiro de Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-se membro do grupo responsável pelo programa de Energia do governo petista.
Ministérios
Dilma Rousseff foi ministra da pasta das Minas e Energia entre 2003 e junho de 2005, passando a ocupar o cargo de Ministra-Chefe da Casa Civil desde a demissão de José Dirceu de Oliveira e Silva, em 16 de junho de 2005, acusado de corrupção.
Em 2008, a Casa Civil foi envolvida em duas denúncias. Primeiro, a da montagem de um provável dossiê contendo gastos pessoais do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O dossiê seria uma suposta tentativa de silenciar a oposição, que, diante do escândalo dos gastos com cartões de créditos corporativos realizados por membros do governo federal, exigia a divulgação dos gastos pessoais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua esposa. Depois, em junho, a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, acusou a Casa Civil de ter pressionado a agência durante o processo de venda da empresa Varig ao fundo de investimentos norte-americano Matlin Patterson e seus três sócios brasileiros. Dilma Rousseff negou enfaticamente todas as acusações.
Em 9 de agosto de 2009, a ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, disse ao jornal Folha de S. Paulo que, num encontro com Dilma, a ministra teria pedido que uma investigação realizada em empresas da família Sarney fosse concluída rapidamente. Dilma negou a declaração de Lina, que, por sua vez, reafirmou a acusação em depoimento no Senado Federal, mas não apresentou provas.
Apesar de, em diferentes períodos, ter cursado créditos no mestrado e no doutorado de Economia, na Unicamp, Dilma Rousseff jamais defendeu a dissertação ou a tese.
De guerrilheira na década de 1970 a participante da administração pública em diferentes governos, Dilma Vana Rousseff tornou-se uma figura pragmática, de importância central no governo Lula. No dia 20 de fevereiro de 2010, durante o 4º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, Dilma foi aclamada pré-candidata do PT à presidência da República. Em 31 de março, obedecendo à lei eleitoral, afastou-se do cargo de ministra-chefe da Casa Civil. Durante a cerimônia de transferência do cargo, assumido por Erenice Guerra, Dilma afirmou, referindo-se ao governo Lula: “Com o senhor nós vencemos. Vencemos a miséria, a pobreza ou parte dela, vencemos a submissão, a estagnação, o pessimismo, o conformismo e a indignidade”.
Dilma Rousseff venceu as eleições presidenciais de 2010, no segundo turno, com 56,05% dos votos válidos (derrotou o candidato José Serra, que obteve 43,95% dos votos válidos), tornando-se a primeira mulher na presidência da República Federativa do Brasil. Ao tomar posse, no dia 1º de janeiro de 2011, discursando no Congresso Nacional, Dilma afirmou: “Meu compromisso supremo […] é honrar as mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos! […] A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos”.
Em 2014, Dilma volta a concorrer ao cargo de Presidente do Brasil, e tendo como adversário o nome do PSDB Aécio Neves de Minas Gerais. Neste pleito Dilma foi eleita, mas durante o ano de 2015 e inicio de 2016, já foi marcado por muitos problemas na economia e na sua base.