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Governo anuncia o fim dos bloqueios de caminhoneiros em rodovias federais

O governo anunciou nesta quinta-feira, 9, que não há mais bloqueios de caminhoneiros em rodovias federais. Segundo um boletim divulgado pelo Ministério da Infraestrutura, com base em informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), ainda há pontos de concentração em 13 Estados, mas sem a ocorrência de interdições.

As aglomerações de caminhoneiros foram mapeadas nos Estados da Bahia, Mato Grosso, Pará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Goiás, Maranhão, Rio de Janeiro e Tocantins. A PRF também informou que não há mais pontos sensíveis com o impedimento da saída e da entrada de caminhões.

De acordo com o governo, as tentativas de bloqueios reduziram 35% entre a manhã e o início da tarde. As mobilizações, que chegam ao segundo dia, são organizadas majoritariamente por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e ocorrem após a escalada do tom do chefe do Executivo contra membros do Judiciário durante manifestações no feriado de 7 de Setembro. O presidente divulgou um áudio nesta quarta-feira, 8, pedindo para que os grupos desbloqueiem as vias.

Segundo Bolsonaro, a mobilização prejudica “os mais pobres”. “Falar para os caminhoneiros aqui, que são nossos aliados. Esses bloqueios atrapalham a nossa economia e isso provoca desabastecimento e inflação, prejudica todo mundo, em especial os mais pobres. Então dá um toque nos caras, se for possível, para liberar para gente seguir a normalidade. Deixa com a gente em Brasília aqui agora. Não é fácil negociar aqui, mas nós vamos buscar uma solução”, disse.

O pedido foi reforçado pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que divulgou um vídeo para atestar a veracidade do áudio. “Essa paralisação ia agravar efeitos da economia que ia impactar os mais pobres, os mais vulneráveis. A gente sabe que há uma preocupação de todos com a melhoria do país, com a resolução de problemas graves, mas nós não podemos tentar resolver um problema criando outro”, afirmou o auxiliar presidencial.

O presidente se reúne nesta tarde com representantes dos caminhoneiros que continuam estacionados próximos à Praça dos Três Poderes, em Brasília.

A mobilização foi contestada por empresários e entidades do setor. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Urubatan Helou, diretor-presidente da Braspress, uma das principais transportadoras do país, pede para que a PRF, a Polícia Federal (PF) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) controlem a situação e desbloqueiem as rodovias.

“Não podemos repetir 2018, quando houve aquela greve dos caminhoneiros. O Brasil não pode ficar desabastecido”, afirmou. Em nota de repúdio, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) afirmou que o movimento é de natureza política e não possui relação com as bandeiras e reivindicações da categoria. “Preocupa a NTC o bloqueio nas rodovias o que poderá causar sérios transtornos à atividade de transporte realizada pelas empresas, com graves consequências para o abastecimento de estabelecimentos de produção e comércio, atingindo diretamente o consumidor final, de produtos de todas as naturezas inclusive os de primeira necessidade da população como alimentos, medicamentos, combustíveis, etc”, afirma o texto assinado pelo presidente da entidade, Francisco Pelucio.

“A NTC deixa claro que não apoia esse movimento, repudiando-o, orientando as empresas de transporte a seguirem em sua atividade e orientando os seus motoristas para em caso de bloqueio ao trânsito dos seus veículos acionarem imediatamente a autoridade policial solicitando sua liberação.” Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de São Paulo, Tayguara Helou, há sim que avançar em reivindicações, mas não é dessa forma que as pautas devem ser discutidas. “O custo do óleo diesel é alto, da carga tributária do setor, os insumos no setor custam muito caro, mas não é paralisando que vamos resolver isso. A economia não se movimenta e ela não se adequa a um setor por meio de uma paralisação, da violência. Em alguns pontos as pessoas estão incitando violência. As empresas transportadoras de cargas não vão parar, não aceitamos uma situação como essa.”

O diretor da Associação Brasileira de Revendedores de Combustíveis Independentes e Livres, Rodrigo Zingales faz um alerta sobre o que as paralisações podem representar para a economia. “Isso vai gerar simplesmente todo um efeito cascata. Se eles pararam vou ter menos combustível na rua, menos alimentos, menos medicamentos, menos bens essenciais. A população vai ficar refém, de novo, dessa escassez de bens de primeiríssima necessidade e as indústrias vão parar de produzir, o comércio vai parar de vendar e vamos ter perdas no PIB”, pontua.

**Jovem Pan

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