A direção da SC-Gás anunciou na noite desta terça-feira, 23, na sede da Associação Empresarial de Canoinhas (Acic), o projeto de expansão da rede de gás natural para o Planalto Norte.
As primeiras tratativas sobre essa expansão começaram há 15 anos, e a questão sofreu vários reveses. Desta vez, no entanto, a SC-Gás garante que o projeto amadureceu e já há recursos aportados, sendo que até metade de 2025 um posto de armazenamento de gás natural deve ser inaugurado em Três Barras. O investimento é da ordem de R$ 23 milhões. A princípio, 65 empresas entre Mafra e Canoinhas demonstraram interesse em contratar o serviço.
Segundo o presidente da SC-Gás, Otmar Müller, o gás será transportado por caminhões até este posto. A partir deste posto será instalado um duto, que chegará até Canoinhas.
Na segunda etapa do projeto, com custo estimado de R$ 169 milhões, o duto que chega até Rio Negrinho será estendido até Canoinhas. Este projeto deve ser concluído em 2027, estima a SC-Gás. Serão 100 quilômetros de dutos.
O diretor comercial da SC-Gás, Rafael Nicolazzi, conta que em 2020 a expansão da rede para Canoinhas já era dada como certa, mas vários fatores como a pandemia e o advento da Guerra na Ucrânia adiaram o investimento. “Temos certeza de que este é o momento certo para iniciarmos o projeto”, comemora ao apresentar o projeto durante a reunião desta terça-feira.
LONGA ESPERA
A região irá receber um novo conceito em distribuição de gás natural chamado de rede estruturante, cujo projeto-piloto foi desenvolvido em Lages. Esse novo conceito não estende os dutos subterrâneos pelos quais passa o gás – que na região param em Rio Negrinho -, mas sim, constrói uma nova estrutura. Em uma área de 3 mil metros quadrados deve ser construída uma central de descompressão do gás liquefeito ou pressurizado. Este gás viria da central da SC-Gás via transporte terrestre. A central deve ser construída em Três Barras e uma rede de 17 quilômetros de tubulação deve ser instalada até Canoinhas. A princípio, essa rede vai da WestRock, em Três Barras, até a CIA Canoinhas de Papel, duas das empresas que mais demonstraram interesse nestes últimos anos pelo gás natural. Isso não significa que a rede não seja estendida caso aumente o interesse pelo gás. Um levantamento junto a postos de combustíveis, por exemplo, deve ser feito. Hoje, o gás natural é a fonte de energia mais barata entre os combustíveis de veículos.
A Agência Reguladora (Aresc) já aprovou o projeto. Um edital foi aberto para licitar uma empresa que vai construir a central em Três Barras e construir a rede até Canoinhas. Empresas oferecem propostas e uma é escolhida. Pode haver judicialização via recursos, o que sempre é previsto em editais de licitação de qualquer esfera.
Se tudo correr bem a obra deve começar no segundo semestre deste ano, tendo a rede de gás apta a operar a partir do segundo semestre de 2025.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
O que é o gás natural?
O gás natural é um combustível fóssil normalmente encontrado em camadas profundas do subsolo, associado (dissolvido) ou não ao petróleo. No Brasil, a maior parte da produção é associada ao petróleo. O gás natural é usado como combustível no transporte e nas usinas termoelétricas, bem como fonte de energia em casas, fábricas e estabelecimentos comerciais. Também pode ser convertido em ureia, amônia e outros produtos usados como matéria-prima em diversas indústrias.
Onde ele é usado? Por quem?
A grande consumidora no Brasil é a indústria, que usa 52% do total produzido. Em seguida, com 33%, está o setor de geração elétrica, com as termoelétricas. Depois vem o uso como combustível automotivo (GNV), com 9%. Outros 4% são usados por cogeração de energia, enquanto o uso residencial e o de estabelecimentos comerciais responde, cada um, por apenas 1% do consumo total.
Qual a diferença para o gás de cozinha?
O gás natural que chega à residência dos consumidores é o encanado. O chamado gás de cozinha, vendido em botijões, é de outro tipo: o gás liquefeito de petróleo (GLP). O primeiro é composto principalmente por metano e etano, enquanto o segundo é uma mistura de hidrocarbonetos, entre eles os gases butano e propano.
Como o gás chega ao consumidor?
Depois de extraído, precisa passar por unidades de processamento, onde é transformado em produtos que servirão de combustível ou matéria-prima para a indústria. Ele também pode ser importado de outros países na forma liquefeita, via navios – nesse caso, precisa passar por um processo chamado “regaseificação”. Já tratado, o gás é transportado por gasodutos até as distribuidoras.
Quem produz gás natural no Brasil?
Além da Petrobrás, o País tem cerca de 30 outras empresas que produzem gás natural. Mas a estatal responde pela grande maioria da produção.
Quem fica responsável pela distribuição?
Em geral, a distribuição é feita por Estado (em Santa Catarina pela SC-Gás), na maioria por empresas estatais. Além da Petrobrás, que atua no ES, existem outras 26 distribuidoras no País. A Petrobrás, por meio da Gaspetro, tem participação em 19 dessas companhias.
Qual o tamanho da Petrobrás nesse mercado?
Segundo o governo, a estatal responde por 77% da produção e por 100% do que é importado. É sócia de 20 das 27 distribuidoras do País e consome 40% da oferta total. A empresa opera quase 100% da infraestrutura, e detém toda a capacidade da malha de transporte, com fatia em todos os dutos.
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