
A aprovação da primeira vacina contra a dengue em dose única do mundo, anunciada pela Anvisa nesta semana, representa um marco para a saúde pública brasileira — e também um motivo de orgulho para Canoinhas. O imunizante Butantan-DV, que será incorporado ao Programa Nacional de Imunizações a partir de 2026, foi desenvolvido para proteger pessoas de 12 a 59 anos em um momento em que a dengue registra números históricos no país.
Por trás desse avanço está a cientista Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, nascida na comunidade de Felipe Schmidt, interior de Canoinhas. Ela é diretora do Centro de Desenvolvimento e Inovação do Instituto Butantan, estrutura que abriga 12 laboratórios responsáveis por transformar pesquisas em soluções para a população. Foi nesse ambiente que ocorreu todo o desenvolvimento técnico da vacina em escala piloto, etapa essencial para testes regulatórios e ensaios clínicos.
A Butantan-DV reúne os quatro sorotipos do vírus da dengue em uma única dose — o equivalente a quatro vacinas em uma só aplicação. Os estudos clínicos, realizados com mais de 16 mil voluntários em 14 estados brasileiros, mostraram 74,7% de eficácia geral, mais de 91% contra casos graves e 100% de proteção contra hospitalizações. Os efeitos adversos observados foram majoritariamente leves.
Segundo Ana Marisa, embora o mérito científico direto seja da equipe liderada pela pesquisadora Neuza Galina, sua contribuição se concentra na gestão da estrutura, recursos e suporte ao desenvolvimento. O projeto recebeu financiamento de órgãos como BNDES e agências de fomento. O Butantan já possui mais de um milhão de doses prontas e deve produzir cerca de 30 milhões no segundo semestre de 2026. A trajetória de Ana, que passou por diversas cidades e países, culmina agora em um dos maiores avanços recentes da ciência brasileira — levando consigo o nome de Canoinhas.
