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“O gol será ajudar as pessoas infectadas”, diz cientista catarinense sobre soro contra a Covid-19


8 de março de 2021

Imagens: Rafael Simões, Divulgação

Ainda menina, Ana Marisa caminhava pelas estradas de chão do povoado Felipe Schmidt, a 40 quilômetros do Centro de Canoinhas, no Planalto Norte, carregando um sonho inusitado para uma menina do meio rural catarinense, o de fazer remédios. A fantasia aumentava quando olhava para as prateleiras do armazém da família, onde eram guardados fracos com extratos fitoterápicos, comprimidos, homeopatias, desinfetantes para ferimentos.

Tinha outra coisa que Ana Marisa gostava de sentir bem de pertinho, o cheiro da pequena farmácia do vilarejo. 

– Eu sempre quis fazer remédios para curar pessoas – conta a pesquisadora científica Ana Marisa Chudzinski Tavassi, formada em Farmácia e Bioquímica e que atualmente dirige o Centro de Desenvolvimento e Inovação (CDI) do Instituto Butantan, em São Paulo.

Um dos projetos em andamento que Ana Marisa se dedica é o do desenvolvimento do soro anti SARS Cov-2, específico para neutralizar os efeitos do coronavírus, e elaborado a partir do plasma de cavalos: 

– Estamos finalizando a documentação para submissão à Agência Nacional de Vigilância Epidemiológica (Anvisa) que avaliará se podemos iniciar os testes em pacientes. O gol será o soro ajudar as pessoas infectadas a não evoluírem para uma doença grave, ou até impedir que o mal progrida, dependendo da fase em que elas receberem a soroterapia – explica a cientista.

Ana Marisa é uma mulher muito envolvida com o trabalho. No CDI, por exemplo, são 12 laboratórios com vários pesquisadores, muitos colaboradores e estudantes de pós-graduação e pós doutorandos. A função dela é avaliar, estimular, sugerir e direcionar projetos com potencial de inovação na área da saúde, no sentido de alcançar resultados que permitam a transferência de tecnologia.

Mas quem ajudou a menina do interior catarinense a se tornar uma das cientistas de maior referência no país? Ana Marisa acredita que o avô, Mieceslau Staszkowian, teve grande influência na escolha da profissão. Ele era um estudioso de ervas e se encarregava de classificar diferentes plantas e secá-las para enviar a um laboratório, que fazia o extrato que depois seria vendido no armazém.

Em casa, o descendente de imigrantes poloneses Mieceslau tinha livros com ilustrações, nomes científicos e recomendações para uso em diferentes patologias. Ana Marisa ficava impressionada com o que lia.

– Eu me envolvia muito com esta atividade dele e sabia que aquelas ervas seriam transformadas em remédios, e tinha grande curiosidade sobre como seria o processo de transformação até serem usadas para curar enfermidades.

“O saber é a maior riqueza que se pode ter, arma capaz de romper barreiras”

Aos 10 anos, Ana Marisa foi morar em União da Vitória (PR), na divisa com Porto União. À medida que crescia, aumentava o sonho de estudar numa grande universidade. A mais próxima era a federal do Paraná, em Curitiba. Por sorte, conhecidos da família a acolheram. Ela conta que mergulhou nos estudos, o que a ajudou a atenuar a saudade de casa e dos amigos.

Ana Marisa lembra que no campo da ciência existem muitas mulheres se sobressaindo em temas de grande importância, assumindo postos importantes em projetos e também na formação de pessoal: 

– Há claramente uma movimentação no sentido de as mulheres assumirem posições antes sob maior domínio masculino. Isso é resultado do sucesso obtido. Trata-se de uma questão de acesso, de preparo, de treinamento e de oportunidades. As dificuldades existirão, mas se a meta for clara sempre se encontra uma maneira de superá-las. O saber é a maior riqueza que se pode ter e é a maior arma capaz e romper qualquer barreira, seja social, econômica ou de gênero – sustenta Ana.

**NSC

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