A nova tecnologia é comprovadamente eficaz e, quando aliada à atuação contínua da população na prevenção, apresenta resultados significativos na redução das arboviroses
Na região Sul do Brasil, as cidades de Foz do Iguaçu e Londrina, no Paraná, e Joinville, em Santa Catarina, estão entre as pioneiras na adoção do método Wolbachia para combater a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya. A introdução de tecnologias inovadoras de controle vetorial faz parte do Plano de Ação 2024/2025, que visa reduzir os impactos das arboviroses. Desenvolvido pelo World Mosquito Program (WMP), em parceria com a Fiocruz, o método interfere na capacidade do mosquito de transmitir os vírus, tornando-o menos eficiente na disseminação das doenças.
As cidades de Londrina, Foz do Iguaçu e Joinville estão avançando na implementação do método, com a liberação de 7,8 milhões “Wolbitos” — como são chamados os mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia — por semana. Juntas, essas cidades abrangem uma população de aproximadamente 780 mil habitantes.
Uma das metas do Ministério da Saúde é expandir a metodologia Wolbachia para mais 40 municípios em 2025. Até o momento, cerca de 4 milhões de habitantes foram beneficiados com a tecnologia em 8 cidades brasileiras: Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Joinville (SC), Niterói (RJ), Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE). Esse número deverá atingir 5 milhões com as liberações previstas para Presidente Prudente (SP), Natal (RN) e Uberlândia (MG).
Com a expansão, o Brasil espera cobrir um maior número de cidades e otimizar a distribuição desses ovos às regiões mais críticas. “A nossa meta é transformar essa tecnologia em política pública, deixando de ser um projeto de pesquisa e passando a integrar as estratégias permanentes de controle do Aedes aegypti em larga escala”, afirmou o secretário-adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Rivaldo Cunha.
Biofábricas
Atualmente, há biofábricas no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, onde é reproduzido todo o ciclo de vida do mosquito, além da produção de ovos. Foz do Iguaçu, Londrina e Joinville também abrigam biofábricas, responsáveis pelo processo iniciado com a eclosão dos ovos do Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia. Além disso, estão em andamento novas biofábricas que seguirão esse mesmo modelo nas cidades de Presidente Prudente, Natal e Uberlândia.
Entenda o método
A Wolbachia é uma bactéria encontrada em cerca de 60% dos insetos, incluindo alguns tipos de mosquitos, mas não ocorre naturalmente no Aedes aegypti. Quando introduzida nesse mosquito, a bactéria impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam, contribuindo para a redução dessas doenças.
O método consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti infectados com Wolbachia, que se reproduzem com os mosquitos locais, formando gradualmente uma nova “população” de mosquitos portadores da bactéria. Com o tempo, a proporção de mosquitos infectados aumenta até atingir um nível estável, eliminando a necessidade de novas liberações. Esse efeito torna o método autossustentável e viável a longo prazo.
Os “Wolbitos”, como são chamados os mosquitos infectados pela bactéria, não são organismos transgênicos e, portanto, não sofrem modificação genética. Além disso, não transmitem doenças, e a Wolbachia não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos.
Ministério da Saúde