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Famílias catarinenses são as que mais autorizam doações de órgãos no país


21 de março de 2023

Somente o Paraná alcançou o mesmo resultado. No país, a taxa de negativa familiar foi de 47%, a mais alta dos últimos 10 anos

Ilustrativa/Foto: Maurício Vieira/Arquivo/Secom

Em meio a uma notícia triste da perda, a família é acolhida pelo profissional de saúde que lhes oferece a possibilidade de doação dos órgãos do paciente confirmado com morte encefálica e orienta sobre a importância do ato. Para agir neste momento difícil e delicado, as equipes das Comissões de Transplantes são constantemente capacitadas. Como resultado desta ação, em 2022, Santa Catarina registrou a menor taxa de não autorização para doação de órgãos do Brasil, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). De um total de 728 potenciais doadores notificados no ano passado, apenas 141 famílias recusaram a doação. O número corresponde a uma taxa de negativa de 28%.

Somente o Paraná alcançou o mesmo resultado. No país, a taxa de negativa familiar foi de 47%, a mais alta dos últimos 10 anos.

Como consequência, SC foi o único que efetivou mais de 40% dos seus potenciais doadores. Das 728 notificações, 329 foram doadores de fato, que representa 35 a mais do que em 2021. Além disso, um total de 1.521 pacientes foram transplantados, superando a melhor marca até então de 1.507, antes da pandemia em 2019.

Aliado a isso, Santa Catarina apresentou o melhor resultado de doadores efetivos com 44,8 por milhão de população (pmp), indicador universalmente utilizado para avaliar e comparar resultados entre os estados. Na sequência tem o Paraná (40,6 pmp), Ceará (26,7 pmp), São Paulo (20,9 pmp) e Rio de Janeiro (20,0 pmp). A taxa de doadores efetivos nacional foi de 16,5 pmp.

“O povo catarinense tem um histórico de colaboração que vem de longa data, somos um estado resiliente, que enfrentou muitas tragédias naturais, e as pessoas sempre se ajudaram e sempre superaram. Na hora da perda de uma pessoa querida, essa face do catarinense, de querer ajudar, também aparece. E muito se deve ao trabalho de conscientização que é feito, sobre a importância de salvar vidas a partir de uma vida perdida”, ressalta o governador Jorginho Mello.

Os resultados alcançados no território catarinense são fruto de um constante e intenso trabalho desempenhado pela SC Transplantes. Ao longo das últimas duas décadas, a entidade coordenou o treinamento das equipes profissionais visando aprimorar habilidades na busca da conscientização das famílias para autorização da doação.

Agora, o coordenador Estadual de Transplantes, Joel de Andrade, comemora os ótimos índices. “Pela 14º vez, em 18 anos, conseguimos a liderança isolada da doação de órgãos no país. Nos outros quatros anos fomos o segundo melhor estado brasileiro. Do ponto de vista dos transplantes, nosso resultado foi excelente. O resultado em doação resulta em 329 doadores efetivos, um número que só foi ultrapassado em 2019, pré-pandêmico. Os números apresentados são muito positivos, especialmente se considerarmos que pelo menos os meses de janeiro, fevereiro e março de 2022 ainda foram bastante afetados pela pandemia”.

Potenciais doadores

A taxa de notificações de potenciais doadores também apresenta uma curva ascendente no estado, o que representa um aumento significativo deste índice. Santa Catarina e outros dois estados (DF, PR) ultrapassaram a marca de notificações de 99 pmp, enquanto a taxa nacional foi de 61,9 pmp.

“É importante ressaltar que esse resultado também podemos creditar ao acolhimento à família dos doadores. As equipes das Comissões de Transplantes são preparadas para agir nesses momentos, quando se confirma a morte encefálica. É nessa hora que esse profissional oferece à família a possibilidade de doação dos órgãos, orientando sobre a importância do ato”, ressalta de secretária de Saúde de Santa Catarina, Carmen Zanotto, lembrando que dessa abordagem resulta a possibilidade de uma nova chance de vida para quem depende de uma doação de órgãos.

De acordo com Joel de Andrade a atuação das equipes profissionais foram fundamentais para os ótimos resultados alcançados até hoje. “Os números mostram a maturidade de um sistema que se desenvolveu a quase duas décadas e que tem tido a iniciativa de melhorar a cada ano com um resultado que mostra, por um lado, a eficiência do sistema, por outro, a solidariedade do povo catarinense. Dessa forma as pessoas que precisam de transplantes têm tido suas demandas atendidas”, explica.

Fila por transplante

Em dezembro de 2022, Santa Catarina possuía uma fila de espera por transplante de 1.062 pacientes ativos. Destes, mais da metade (560) aguardam por um novo rim, 419 buscam uma nova córnea, 51 esperam por um fígado, 2 anseiam por um coração e 1 necessita de pâncreas funcional. No Brasil, no mesmo período, havia 53.989 pacientes ativos na lista de espera por um transplante de órgão.

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