Ararinhas-azuis são soltas na natureza 20 anos depois de extinção » Rádio Colmeia FM

Escute a rádio

Ararinhas-azuis são soltas na natureza 20 anos depois de extinção


11 de junho de 2022

Oito ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) serão soltas hoje (11) em uma área de preservação ambiental no interior da Bahia. A espécie é considerada extinta na natureza desde o ano 2000, quando desapareceu o último animal selvagem, que era acompanhado por pesquisadores.

As aves que serão soltas – cinco fêmeas e três machos – fazem parte de um grupo de 52 trazidas de um criadouro da Alemanha para o Brasil, em 2020, com o objetivo de reintroduzir a espécie na natureza.

O coordenador do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Ararinha-Azul, Antonio Eduardo Barbosa, explica que esse primeiro grupo de oito aves foi escolhido entre os mais aptos a sobreviver na natureza.

“São animais sadios, que têm musculatura de voo, que interagem e que não apresentam comportamento agonístico, isto é, que não brigam com outro. São os animais mais aptos para a soltura”.

As ararinhas-azuis serão soltas com oito araras-maracanã (Primolius maracana), espécie com quem dividia o habitat natural e que tem hábitos semelhantes aos seus.

Nos últimos dois anos, as ararinhas passaram por processo de adaptação em um viveiro instalado na cidade de Curaçá, na Bahia, que envolveu a redução do contato com humanos, o convívio com araras-maracanã, o treinamento do voo, o reconhecimento de predadores e a oferta de alimentos que serão encontrados na natureza.

Para esse projeto de reintrodução, foram criadas, em 2018, duas áreas de preservação nos municípios de Curaçá e Juazeiro: a Área de Proteção Ambiental (APA) da Ararinha-Azul e o Refúgio da Vida Silvestre (Revis) da Ararinha-Azul, que, juntas, somam 120 mil hectares.

“Será uma soltura branda, como chamamos. A gente abre o recinto, mas quer que as aves permaneçam ali. Será ofertada alimentação suplementar durante um ano, para que elas ainda visitem o recinto. Nessa fase experimental, queremos conhecer a dinâmica que as aves vão apresentar”, explica Barbosa.

Essa primeira soltura servirá para que os pesquisadores observem o comportamento da ararinha na natureza, ou seja, os locais que visitam, o que comem etc. Os animais estão marcados com anilhas e transmissores, que permitirão seu rastreamento por alguns meses.

A proposta é soltar mais 12 ararinhas em dezembro deste ano, totalizando 20 aves em liberdade na caatinga. Por enquanto, não há previsão do número de animais que serão soltos a partir de 2023, mas pelo menos parte deles continuará no viveiro de Curaçá como uma reserva para garantir a sobrevivência da espécie, a soltura de novos indivíduos e a reposição das esperadas perdas no ambiente.

Extinção

A ararinha-azul foi descoberta em 1819 e sofreu gradual processo de extinção na natureza, devido a fatores como a destruição do ambiente e a captura para o comércio ilegal de animais silvestres.

Em 1986, a última população selvagem conhecida tinha apenas três indivíduos. O último indivíduo conhecido, um macho, desapareceu em 2000, decretando-se assim a extinção da espécie na natureza.

A ararinha só não desapareceu por completo porque havia cerca de 50 indivíduos vivendo em criadouros espalhados pelo Brasil e o mundo.

Ainda na década de 90, o governo brasileiro começou um projeto de manejo para reprodução desses animais e a negociação do retorno, para o país, de parte das aves que estavam no exterior.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) criou, em 2012, um Plano de Ação Nacional (PAN) para aumentar a população cativa, proteger o habitat e promover a reintrodução da ararinha-azul.

Em 2016, o criadouro alemão Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP) e o ICMBio lançaram o Projeto de Reintrodução da Ararinha-azul, que permitiria a repatriação dos 52 animais quatro anos depois. Hoje, a população mundial de ararinhas é de quase 200 indivíduos, dos quais três nasceram no viveiro de Curaçá.

Compartilhe a matéria nas redes sociais:

Leia outras matérias relacionadas:


17ª Festa do Steinhaeger e do Xixo marca novo momento

Imagem de reprodução A Rádio Colmeia recebeu na manhã desta sexta-feira o empresário Vanderlei Stiegler, presidente da Associação Comercial e Industrial de Porto União (ACIPU) e responsável pela organização da 17ª edição da Festa Internacional do Steinhaeger e do Xixo. Em entrevista, Vanderlei destacou diversos aspectos da festa que está em uma nova fase. Segundo […]

Deputados defendem autonomia de produtores de fumo em Santa Catarina

Imagem de reprodução Responsável por cerca de 20% da produção nacional de fumo, Santa Catarina reúne aproximadamente 55 mil famílias que dependem diretamente do cultivo, manejo e venda do tabaco. Apesar da expressiva participação no setor, muitos produtores relatam há anos um problema que afeta diretamente sua renda: a falta de participação no processo de […]

20ª Cantata de Natal da Escola Hilda Melo acontece hoje

A magia do Natal tomará conta da Praça Coronel Amazonas nesta quarta-feira, 10, às 19h30, com a apresentação da 20ª Cantata de Natal da Escola Municipal Hilda Melo, um evento que já se consolidou como uma das mais emocionantes tradições da educação municipal de União da Vitória.Marcada pela participação de alunos, professores e toda a […]