Há dois anos, a Covid-19 chegou ao Estado desafiando a reorganização do Sistema Único de Saúde (SUS). A pandemia ainda não tem previsão de término, mas a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) já projeta algumas ações pós-Covid-19 para fortalecer e ampliar os serviços para a população. A retomada das cirurgias eletivas e a ascensão da Saúde Mental e Atenção Primária – porta de entrada do cidadão ao SUS –, são alguns dos focos principais nesta fase.
A Covid-19 levou muitos usuários a deixar de dar continuidade aos tratamentos médicos de rotina nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) por medo de contrair a doença. Agora o desafio é fazer com que esses usuários voltem a frequentar os serviços. Investir no atendimento primário é uma tarefa a ser encarada nos próximos anos.
“A pandemia trouxe muitos desafios para a saúde no Paraná, todos atendidos com êxito pelo Governo. Agora além de dar continuidade ao atendimento aos pacientes da Covid-19 com excelência, precisamos reforçar o atendimento primário, regionalizar ainda mais os serviços e trazer maior segurança e comodidade aos usuários do SUS”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
Levar a saúde para perto da população é um dos principais objetivos desde o início do Governo. No ano passado, a Sesa iniciou a primeira etapa de distribuição de novos carros para a Estratégia da Saúde da Família (ESF). Por meio deste programa é possível reforçar o atendimento domiciliar aos idosos e pacientes com doenças crônicas, como o diabetes e hipertensão, além do monitoramento aos acamados e estratégias de vacinação extramuro.
Nesta primeira etapa de entrega, foram disponibilizados 1.237 carros aos 399 municípios.
Além disso, o governador Ratinho Junior anunciou nesta semana o repasse de mais de R$ 250 milhões aos 399 municípios do Paraná para construção, reforma e ampliação de UBS e hospitais, além da aquisição de 744 veículos voltados ao transporte de pacientes e incremento do custeio hospitalar.
SAÚDE MENTAL – A saúde mental é uma das áreas de maior importância no pós-Covid-19 pois o contexto da pandemia e suas consequências podem ser considerados como fatores agravantes, sendo fundamental um olhar cuidadoso para manifestações de fatores de risco.
Com objetivo de fortalecer e descentralizar a política da saúde mental, em 2021 a Sesa atualizou o Instrumento de Estratificação de Risco em Saúde Mental para que os profissionais da Atenção Primária possam apoiar o compartilhamento do cuidado com os pontos de atenção e respectivos profissionais que já trabalham nesta área.
A rede de psiquiatria estadual conta atualmente com 1.667 leitos e a Sesa já prepara a construção de um novo Centro de Atenção Psicossocial (Caps), duas novas habilitações de Caps, contratação de 60 equipes multiprofissionais de Atenção Especializada em Saúde Mental e formalização de 50 leitos para atendimento em hospitais gerais somente para atendimento desses pacientes.
Além disso, no início deste ano, foi disponibilizado um incremento de 40% no valor pago das diárias para leitos de psiquiatria ofertados pelo SUS. Estima-se que com o incremento nas diárias, o número de atendimentos passe de 30 mil. A Sesa instituiu ainda um incentivo financeiro para promover o aumento do número de Serviços de Residência Terapêutica (SRT).
“As pessoas têm diferentes maneiras de enfrentar uma pandemia, momentos de estresse como o isolamento social ou perder um ente querido, podem causar problemas de saúde como ansiedade, medo, angustia e depressão, além de doenças crônicas como diabetes e hipertensão. Esses pacientes merecem respeito e vamos incrementar esse atendimento em todo Paraná”, disse o secretário.
VACINAÇÃO – O novo coronavírus mostrou que além dos cuidados e medidas protetivas como o uso da máscara, álcool em gel e isolamento social, a vacina é a grande responsável pela queda do número de óbitos causados pela doença. Um levantamento realizado pela Sesa em fevereiro aponta que a cada 100 mil pessoas mais de seis morreram por não se vacinar, número inferior a um entre os vacinados, 22 vezes menor.
Dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) mostram que grande parte das vacinas presentes no Calendário Nacional de Vacinação apresentam um decréscimo na cobertura vacinal.
Tão importante quanto a imunização para o combate à Covid-19, vários outros agravos podem ser prevenidos, controlados e até mesmo eliminados por meio da vacinação. O desafio da Sesa é melhorar esses índices e incentivar a busca da população pela vacina que é disponibilizada gratuitamente pelo SUS.
A cobertura vacinal preconizada pelo Ministério da Saúde é de 95% para a maioria dos imunizantes disponibilizados nas salas de vacinas da rede pública. Dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI) mostram que a cobertura vacinal das oito vacinas preconizadas pra crianças menores de 1 ano de idade está abaixo do ideal em todo Brasil. O percentual nacional da cobertura vacinal da Febre Amarela, por exemplo, está em 55,54%. No Paraná os registro apontam uma cobertura vacinal de 71,38%, sendo esta a vacina com a mais baixa cobertura.
A vacina mais aplicada tanto no Brasil (82,45%) quanto no Paraná (71,47%) é a Tríplice Viral SCR – D1, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola.
“Além de continuar com a vacinação contra o coronavírus, precisamos garantir a imunização de todo calendário vacinal, nosso esforço diário é de aumentar o índice de pessoas vacinadas, seguindo no combate à doenças que são evitáveis”, destacou o secretário. “A Sesa trabalha em parceria com as 22 Regionais de Saúde e as secretarias municipais de Saúde para atingir 95% de cobertura em todas vacinas oferecidas”.
IDOSO – Idoso é o público mais vulnerável quando o assunto é saúde. As ações integradas da área da saúde e da assistência social foram prioridades para testagem, vacinação, detecção precoce e assistência aos 10 mil moradores e 6 mil trabalhadores de Instituições de Longo Permanência para Idosos (ILPI), evitando casos graves e óbitos por Covid-19.
A Sesa em nenhum momento parou de ampliar e olhar com cuidado para a saúde do idoso durante a pandemia e continua mantendo o apoio aos municípios para a estratificação clínico funcional e rastreio da fragilidade dos idosos.
Além de organizar o Projeto Envelhecer com Saúde no Paraná, expandiu o projeto PlanificaSUS para as 22 Regionais de Saúde e vem mobilizando junto ao Conselho e Secretarias Municipais de Saúde do Paraná (Cosems/PR), a Associação dos Consórcios e Associações Intermunicipais de Saúde do Paraná (Acispar) e o Conselho Estadual de Saúde do Paraná (CES/PR) 462 tutores para capacitação dos trabalhadores da saúde para o fortalecimento da Linha de Cuidado à Pessoa Idosa.
Ampliou, ainda, para 200 municípios a estratificação de risco para Fragilidade, utilizando o Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional 20 (IVCF-20) e possui 43 equipes de Atenção Domiciliar (SAD) em 17 municípios (Andirá, Arapongas, Cambé, Cascavel, Chopinzinho, Coronel Vivida, Curitiba, Fazenda Rio Grande, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Guarapuava, Londrina, Marechal Cândido Rondon, Palmeira, Palotina, Paranavaí e Santa Terezinha de Itaipu).
“O idoso é o público que precisa de uma saúde de qualidade, de um olhar diferenciado, pois é o público mais vulnerável às doenças, precisamos manter todos os cuidados possíveis e levar a saúde com plenitude para esse público, por esse motivo, sempre foi e continuará sendo uma das prioridades para o governo”, enfatizou Beto Preto.
A Secretaria, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), disponibiliza no site o Manual de Prevenção de Quedas para Idosos.
ELETIVAS – Durante a pandemia, as cirurgias eletivas tiveram que ser interrompidas durante alguns períodos para que não houvesse a sobrecarga no sistema de saúde. A medida foi adotada para que houvesse uma menor demanda na utilização de medicamentos do chamado kit intubação no momento em que a ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estava lotada.
A expectativa é que ainda neste mês o Governo lance o Programa Estadual de Procedimentos Cirúrgicos Eletivos, com incremento de custeio, objetivando diminuir a fila de espera em todo o Paraná. “Queremos diminuir ao máximo a fila para as cirurgias eletivas. Mesmo antes da pandemia esse já era um foco do Governo, agora que esses procedimentos ficaram represados se tornou ainda mais urgente sanar esse gargalo na saúde pública”, arrematou o secretário.