Por JMais: Na terça-feira, 16, completaram-se 75 anos da maior tragédia climática da história de Canoinhas e região.
Era domingo, 16 de maio de 1948, quando às 20h15 um fenômeno, que não se sabe se era um tornado ou uma microexplosão, que durou pouco mais de 2 minutos, matou 23 pessoas e levou pelos ares serraria, armazém, casas, a Igreja e a escola na localidade de Valinhos.
Na manhã de 17 de maio o cenário da localidade era desolador: Aves mortas, cavalos, bois, vacas, atravessados por tábuas e lascas de madeira. Árvores derrubadas pela violência do flagelo, outras de pé sem um só galho. Famílias desabrigadas choravam a perda de seus entes queridos que jaziam em meio a destruição.
Na edição do dia 20 de maio de 1948 do jornal Correio do Norte relatos da tragédia preenchem a capa. Além dos nomes das vítimas.
A tragédia, contudo, chamou a atenção da imprensa nacional. Nos dias seguintes uma equipe do jornal carioca A Noite esteve no local e publicou uma longa reportagem no dia 24 de maio. Agora, com a digitalização do acervo de A Noite pela Biblioteca Nacional, é possível resgatar pelos olhos de quem testemunhou a tragédia e registrou-a em imagens, a dimensão do horror que se tornou a região encostada no limite entre Canoinhas e Irineópolis.
“Nossa reportagem transportou-se para o local, onde levou a efeito, penoso e sensacional trabalho jornalístico, que estamos divulgando nesta edição”, anunciou o jornal na capa com uma das fotos mais conhecidas da tragédia:
Rodopiavam nos ares casas, árvores e indivíduos!
Foi dessa forma que o jornal A Noite registrou o que chamou de hecatombe. O jornal informa que dada a dimensão da tragédia enviou dois repórteres ao local: L. Montenegro e Domingos Pereira. À época, fotos em jornais demandavam alto custo e, por isso, a incipiente imprensa local poucas imagens publicou. A Noite, contudo, estampou uma página inteira com várias imagens, o que foi ampliado na edição de A Noite Ilustrada, que tinha nas fotos seu maior atrativo.
Os repórteres ouviram diversos personagens da tragédia, como um senhor de idade, Ermelino Rodrigues, que, disse nunca mais querer voltar ao “vale” onde a tragédia ocorreu. Outra entrevistada, Otilia Gonçalves, cita uma suposta maldição que pairava sobre o lugar.
Maria Sucheck contou que sua cama foi encontrada no dia seguinte ao temporal a pelo menos 300 metros de sua casa. Francisco Rodrigues dos Santos foi ouvido abraçado a imagem de um santo, único objeto que lhe restou depois que a tempestade levou sua casa. Leia a página completa abaixo:
O Vale da Maldição
No dia seguinte, A Noite publicou nova reportagem focando na lenda urbana que corria a boca pequena na cidade de que uma maldição lançada por um padre que teria sido agredido por um grupo que queria fazer um baile em um dia santo teria resultado na tempestade devastadora. O título do texto foi O Vale da Maldição:
Assista reportagem feita pelo JMais por ocasião dos 70 anos da tragédia