Nas últimas semanas foram registrados diversos casos de suicídio e de tentativas no Vale do Iguaçu. O aumento da depressão e da ansiedade se acentuou com a passagem da pandemia da Covid-19, e muitas pessoas ainda se sentem desconfortáveis em falar sobre a importância da saúde mental. Em Porto União e União da Vitória, o índice de suicídios é alarmante para o tamanho populacional das cidades. O projeto União Pró-vida e o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) disponibilizam apoio emocional por meio de ajuda à pessoas em crises emocionais, depressivas, inclusive as que estejam com pensamento suicida.
De acordo com dados fornecidos pelo voluntário Erico, o Projeto União Pró Vida de setembro de 2017 à 31 de março de 2022, já atendeu 1.343 pessoas, somando os atendimentos presenciais, por telefone fixo e Whatsapp. Desses atendimentos, 238 pessoas tinham ideação suicida, totalizando 17,72%. O projeto também já ministrou palestras para cerca de 15 mil pessoas em instituições públicas e privadas.
O União Pró-vida atende presencialmente na Rodoviária de Porto União ou pelo telefone fixo no (42) 3523-7217 e WhatsApp no (42) 98815-6081, sendo o atendimento gratuito e sigiloso, de segunda a sábado. Pelo número limitado de voluntários não há atendimento presencial no domingo, mas há o WhatsApp 24 horas no (42)98890-0279.
O CEJUSC disponibiliza canais de contato também fazendo o acolhimento inicial de emergência das 12h às 18h, presencialmente no prédio da Vara da Família, localizado na Rua Professor Amazília, nº 780, centro de União da Vitória; ou pelas redes sociais no Instagram @cejuscuniao e Facebook Cejusc União da Vitória. “Esse é muito o papel do CEJUSC aqui nas cidades, de prevenir, de encaminhar, de estender a mãos às pessoas que não estão bem”, disse o Coordenador do CEJUSC e Juiz da Vara da Família, Carlos Mattioli.
Confira a entrevista completa com o Juiz Carlos Mattioli abaixo:
O órgão faz a orientação inicial, quando a pessoa não está bem e não sabe onde procurar ajuda sendo encaminhada ao local correto. A nível nacional, há o Centro de Valorização da Vida que pode ser contatado no 188. Este é um serviço gratuito de apoio emocional, que funciona em todo o território nacional 24 horas por dia, diariamente, sem exceção de feriados, sábados e domingos.
Na hora da emergência a pessoa pode procurar ajuda na Saúde do município que encaminhará o paciente caso haja necessidade. Se o paciente não tem a possibilidade de deslocamento, a pessoa pode acionar o SAMU no 192. Quando há o envolvimento de menores de idade ou risco de violência na situação, pode-se acionar a Polícia Militar no 190 ou Conselho Tutelar. O Corpo de Bombeiros também pode ser contatado em um momento de emergência no 193.
O número do Conselho Tutelar de União da Vitória é o (42) 3522-5886 ou no (42) 98414-9699 (plantão). Sua localização fica na Rua Demétrio Sokolowski, sem número, anexo a Rodoviária de União da Vitória, no segundo andar. E-mail: conselhotutelar.uva@hotmail.com
O número do Conselho Tutelar de Porto União é o (42) 3523-4101 e sua localização fica na R. João Fernandes de Aquino, nº 15, bairro São Pedro.
Sinais de alerta
Alguns sinais que antecedem crises mais fortes, podendo levar a pensamentos suicidas, podem ser notados. O voluntário Erico do projeto União Pró-vida conta que algumas pessoas podem adotar um comportamento de risco consumindo drogas e álcool em excesso; abandonando os amigos e atividades sociais; demonstrando um estado emocional instável como irritabilidade; perda de interesse em atividades que antes lhe eram prazerosas, como praticar exercícios físicos, passear com amigos e família, ir à festas, etc; não conseguir assumir responsabilidades diárias faltando então no trabalho, faltando às aulas na escola, tirando notas baixas, tendo rendimento baixo, etc.
“Qualquer mudança de hábito fiquem atentos”, coloca Erico. “As pessoas que tem a ideação suicida apresentam alguns sentimentos muito presentes como ambivalência, não sabem o que fazer, buscam atenção, procuram fugir de situações desagradáveis, buscam paz”, pontuou.
Confira a entrevista completa com o voluntário Erico abaixo:
O que podemos fazer?
Erico dá algumas dicas do que se pode fazer para ajudar as pessoas que estão em um momento de crise e conta o que o projeto realiza no atendimento. Buscar proximidade, controlando a ansiedade, acolhendo fraternalmente as pessoas e permitindo que elas expressem seus sentimentos, são uma das coisas que se pode fazer. “Criar empatia, ouvir o desabafo das pessoas, aceitando, respeitando e compreendendo”, afirma.
As pessoas em crise podem falar algumas frases que fazem a luz de alerta acender como: eu não aguento mais; não posso fazer mais nada; os outros serão felizes sem mim; eu preferiria estar morto; eu sou um perdedor, um peso para as outras pessoas. “Quando essas frases se tornam rotineiras nós temos que estar atentos”, frisa Erico.
Muito trabalho ainda precisa ser feito em relação a saúde mental e o apoio das políticas públicas é essencial. Para iniciar um diálogo de verdade sobre o assunto é preciso não ter medo de falar sobre o assunto, evitar julgar, criticar, ignorar ou fazer comparações com as experiências pessoais para com as outras pessoas e o mais importante é saber buscar ajuda.
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